O que você perdeu no The Game Awards 2020

Para o artigo desta semana, resolvi trazer um conteúdo um pouco diferente, falarei sobre as minhas impressões sobre o The Game Awards (TGA), um dos eventos mais importantes do ano para a indústria de jogos, especialmente no ano de 2020, já que o novo coronavírus foi responsável por cancelar diversos eventos que seriam realizados ao longo do ano.

Para quem não sabe, o evento acontece todos os anos, desde 2013, e premia os jogos que foram considerados, pelo público e pela crítica, como os melhores do ano em suas respectivas categorias (ação, luta, RPG, aventura, VR, etc.) e quesitos, como trilha sonora, design, narrativa e etc. Além disso, algumas publishers aproveitam o evento para anunciar projetos que serão lançados nos próximos anos e, acredito que, ultimamente, este tem sido o principal motivo que levou o grande público a acompanhar a premiação.

Antes de começarmos, ressalto que, por mais que esse seja um texto sobre a premiação, tentarei resumir várias informações para não gastar muito do seu tempo, e, também, não abordarei todas as categorias, já que neste ano tiveram cerca de 30 e, no caso de algumas delas, não tive acesso a nenhum dos jogos nomeados ao prêmio, ou apenas considero-a irrelevante, como a de melhor jogo mobile, por exemplo.

O evento, como já era de se esperar, foi totalmente não presencial, com exceção dos dois apresentadores, Sydnee Goodman e Geoff Keighley. Foi uma pena vê-los sozinhos no estúdio, sem os aplausos e gritos daquela grande plateia que víamos todos os anos, mas de qualquer forma, ambos conseguiram compensar essa falta de interação com muito carisma e profissionalismo.

O evento também contou com a participação de algumas celebridades como Brie Larson, Gal Gadot, Tom Holand, o carismático Reggie Fils-Aimé, Keanu Reeves e mais — cada um deles ficou responsável por revelar os vencedores de algumas das principais categorias. Falando em vencedores, todos apareceram por chamada de vídeo, mandando seus recados e agradecimentos ao público.

Fora isso a cerimônia manteve os padrões já bem conhecidos dos anos anteriores, com vídeos promocionais, premiações, mensagens de desenvolvedores e apresentações musicais. Um destaque aqui vai para Lyn Inaizumi que se apresentou juntamente com a banda oficial de Persona 5, cantando uma das músicas mais conhecidas da franquia, Last Surprise. Outros grupos musicais também se apresentaram, como a We Are OFK, uma banda de um jogo ainda em desenvolvimento (se eu entendi direito), que tem uma sonoridade bastante semelhante com a do jogo indie, Sayonara Wild Hearts.

Premiações
Antes de começarmos a listar os ganhadores da noite, queria comentar sobre algumas coisas bastante decepcionantes que vem acontecendo durante o evento. Assim como no ano passado, vejo que a TGA continua fazendo uma divisão clara entre as categorias, especialmente entre as que podem ser consideradas menos relevantes, já que todos os vencedores, destas, foram relevados durante o pré-show do evento.

Não entendo muito bem quais são os critérios desta “filtragem”, já que algumas categorias importantes não entraram no evento principal, como a de melhor trilha sonora e de melhor jogo de ação/aventura. E, como já era de se esperar, praticamente todos os prêmios relacionados aos E-sports foram entregues durante o pré-show; por um lado eu entendo a escolha, já que o grande público não está lá para ver esse tipo de segmento, mas ainda acho que essa é uma baita oportunidade perdida, tendo em vista o impacto que o cenário destas modalidades vem tendo em todo o mercado internacional.

Outro adendo vai para a inclusão de jogos antigos em algumas categorias ou de, até mesmo, expansões; acredito que o evento deveria priorizar os títulos, completos, lançados neste ano, 2020. De qualquer forma, aqui estão os principais vencedores do The Game Awards 2020 e algumas das minhas opiniões.

Jogo do Ano —
Doom Eternal
Final Fantasy VII Remake
Ghost of Tsushima
Hades
Animal Crossing: New Horizons
The Last of Us Part II | VENCEDOR

Uma escolha óbvia? Com toda certeza, ainda mais depois do sucesso estrondoso que foi o primeiro The Last Of Us. Porém, e isso eu digo como fã da franquia que chorou umas 3 vezes jogando esta sequência, não acho que The Last of Us Part II merecia esse prêmio. O jogo foi produzido na base do crunch, com muita exploração das centenas de funcionários do estúdio e, ao dar este prêmio para a Naughty Dog, a TGA só reforça que este tipo de projeto, feito na base de um regimento de trabalho tão péssimo, continua sendo reconhecido e valorizado pelo mercado.

Melhor Narrativa —
13 Sentinels: Aegis Rim
Final Fantasy VII Remake
Ghost of Tsushima
Hades
The Last of Us Part II | VENCEDOR

Aqui não tem nem o que questionar, definitivamente The Last of Us Part II contou uma das histórias mais interessantes e marcantes de ano, ouso dizer que da história dos videogames, trazendo uma série de novos personagens, cada um com suas inquietações e objetivos, e uma trama ainda mais profunda que a do primeiro jogo, abordando temas como vingança, família e o perdão.

Melhor Performance —
Ashley Johnson (The Last of Us Part II)
Laura Bailey (The Last of Us Part II) | VENCEDOR
Daisuke Tsuji (Ghost of Tsushima)
Logan Cunningham (Hades)
Nadji Jeter (Marvel’s Spider-Man: Miles Morales)

Abby com certeza foi um dos personagens mais marcantes de 2020. Confesso que num primeiro momento a odiei, mas com o avançar da trama fui entendo cada vez mais os motivos que a levaram a fazer o que fez, e ao final do jogo já me via preferindo jogar com ela do que com Ellie. Entendo alguns dos motivos que a levaram a ser um dos personagens mais detestados do ano, mas todos temos que concordar que o trabalho feito por Laura Bailey foi impecável, tanto na dublagem quanto na sua interpretação de um personagem tão complexo e profundo.

Melhor Indie —
Carrion
FallGuys: Ultimate Knockout
Hades | VENCEDOR
Spelunky 2
SpiritFarer

Neste ano de 2020 a Supergiant Games conseguiu um feito bastante difícil, fazer com que um roguelike, mesmo com sua extrema repetitividade, se destacasse em meio aos grandes nomes da indústria; e acho que só por isso Hades já merece ser o melhor indie do ano. Mas se você busca por mais justificativas para sua vitória, recomendo que leia um dos meus últimos textos postados aqui no site, onde apresento, detalhe por detalhe, os elementos que tornaram deste um dos jogos mais premiados do ano.

Melhor VR —
Dreams
Half-Life: Alyx | VENCEDOR
Marvel’s Iron Man VR
Star Wars: Squadrons
The Walking Dead: Saints & Sinners

Como todo bom brasileiro, não tenho um VR e não pretendo comprar um por uns bons anos, apesar disso e mesmo sem ter jogado quaisquer um destes jogos, acredito que Half-Life: Alyx prestou um baita serviço para toda aindústria do nicho, provando para o grande público que o VR pode ser uma experiência que vai além da simples imersão, entregando uma boa campanha, com início, meio e fim, inserida em uma das series mais populares da última década.

Melhor Jogo de Ação —
Doom Eternal
Hades | VENCEDOR
Half-Life: Alyx
Nioh 2
Streets of Rage 4

Como game de ação, Doom Eternal tem muito mais a oferecer que qualquer um dos outros jogos da categoria. Além de uma sequência com mecânicas ainda mais polidas, o game representa tudo de bom que um jogo de ação tem a oferecer, combate frenético, tiros, explosões, um grande arsenal, variedade de inimigos e chefes e muito mais. Você pode até dizer que eu sou um fanboy de Doom, e talvez você não esteja errado, mas ainda acho que essa teria sido a escolha mais acertada. Apesar disso ainda fico feliz com a vitória de Hades, é muito bom ver um estúdio indie ser reconhecido pelo seu bom trabalho.

Melhor RPG —
Final Fantasy VII Remake | VENCEDOR
Genshin Impact
Persona 5 Royal
Wasteland 3
Yakuza: Like a Dragon

Era se de esperar que um dos RPGs mais aguardados de todos os tempos seria o vencedor desta categoria. Deste seu anúncio, em meados de 2015, milhares de fãs ficaram à espera por qualquer notícia sobre este remake e, cinco anos depois, Final Fantasy VII Remake finalmente é lançado, surpreendendo grande parte da crítica e do público, com suas novas mecânicas de combate, seu lindíssimo gráfico e a adaptação de sua história para o público atual. Aparentemente a espera e a meia década de desenvolvimento se pagaram.

Melhor Jogo de Luta —
Grandblue Fantasy: Versus
Mortal Kombat 11 Ultimate | VENCEDOR
Street Fighter V: Champion Edition
One Punch Man: A Hero Nobody Knows
Under Night In-Birth EXE: Late (CL-R)

Aqui vemos que 2020 não foi um ano muito bom para os jogos de luta, já que temos entre os cinco melhores jogos DO ANO, duas expansões, Mortal Kombat Ultimate e Street Fighter Champion Edition, e um dos jogos de anime mais desinteressantes já produzidos pela Bandai Namco. De qualquer forma, a DLC de Mortal Kombat também conseguiu se destacar mais que os outros dois jogos desconhecidos, garantindo mais troféu para a Nether Realm Studios.

Melhor Jogo de Estratégia —
Crusader Kings III
Desperados III
Gears Tactics
Microsof Flight Simulator | VENCEDOR
XCOM: Chimera Squad

Em meio a alguns clones de XCOM e de um spin-off do próprio XCOM, o simulador de voo da Microsoft conseguiu se destacar e levar um dos maiores prêmios de gênero da noite. O que eu realmente não entendo é o que este jogo fazia nesta categoria, já que como jogo ele não possui nenhum elemento que permite sua comparação com os outros indicados.

Melhor Evento de E-sports —
Blast Premier: Spring 2020 European Finals
Call of Duty League Championship 2020
IEM KATOWICE 2020
League of Legends World Championship 2020 | VENCEDOR
Overwatch League Grand Finals 2020

Nem mesmo o novo coronavírus impediu a Riot Games de realizar um dos melhores campeonatos mundiais de toda a sua história. Mesmo que tenham acontecido várias competições de excelentíssima qualidade, em especial as de Counter-Strike, são poucas os que conseguem competir com o nível de transmissão, narração engajamento, estúdio e, principalmente gameplay que a Riot entrega ao público todos os anos. Prêmio mais que merecido.

Melhor E-sport —
Call of Duty: Modern Warfare
Counter-Strike: Global Offensive
Fortnite
League of Legends | VENCEDOR
Valorant

É uma verdadeira pena que um jogo lançado em 2009 continue ganhando o principal prêmio de E-sports do evento, ainda mais neste ano, em que tivemos o lançamento de um dos FPS’s mais divertidos e competitivos, Valorant, que, em poucos meses já se estabeleceu como um dos maiores e-sports do gênero, fazendo, até mesmo, com que grandes atletas do Counter-Strike repensassem o rumo de suas carreiras.

Como dito anteriormente, algumas categorias ficaram de fora desta análise, sendo assim, você pode conferir quem foram todos os indicados e vencedores clicando aqui.

Anúncios e Trailers

Agora vamos ao que que mais interessa, brincadeira, os principais jogos e expansões anunciadas durante o evento.

NieR: Replicant ver.1.22474487139 — A remasterização do clássico RPG cult de 2010, teve seu primeiro gameplay divulgado logo no começo da cerimônia. Nele tivemos um pequeno vislumbre do combate do jogo, que foi completamente reformulado para se adequar melhor aos padrões atuais. O jogo chega em abril de 2021 para PlayStation 4, Xbox One e PC.

Century: Age of Ashes — À primeira vista o gameplay divulgada de Century lembra, levemente, o falecido Scalebound, mas tudo muda quando se percebe que este é apenas mais um free-to-play com foco no multiplayer, o que não necessariamente faz dele um projeto de menor qualidade, mas seus gráficos e mecânicas aparentam ter uma superioridade que costuma ser desperdiçada em jogos deste tipo de nicho. Seu lançamento está marcado para fevereiro de 2021, em esquema de acesso antecipado pelo Steam, e futuramente, para a Epic Games Store.

Sepiroth em Super Smash Bros. Ultimate — Um dos mais famosos antagonistas de RPG do mundo, Sepiroth, é o mais novo personagem que adentraráo numeroso hall de Super Smash Bros. Ultimate. O vilão chega como parte do segundo battlepass do jogo, trazendo consigo muito estilo, poderosas magias e, claro, sua longa espada, Masamune. Sepiroth chega ao Nintendo Switch em 17 de dezembro.

Back4Blood — Já que a Valve se recusa a contar até 3, a Turtle Rock Studios decidiu produzir sua própria sequência de Left 4 Dead 2. O game, anunciado em 2019, contará com sistemas bastante parecidos com os da famosa franquia de jogos de zumbis, focando no combate em time com até quatro pessoas, trazendo uma atmosfera mais tenebrosa com uma grande variedade de mortos vivos especiais.

The Callisto Protocol– O novo jogo do cocriador de Dead Space, Callisto Protocol se apresenta como um jogo de terror especial, e um claro sucessor espiritual da finada franquia da EA, bebendo da mesma fonte que a tornou uma das maiores sagas do gênero de terror. O game está previsto para 2022 e pouco foi dito sobre sua história ou gameplay.

Endless Dungeon — Esta é uma das novas apostas da Sega, um roguelite tático com temática especial, onde o jogador controlará um pequeno grupo de heróis perdido em uma antiga estação especial. O game me pareceu um dos indies mais interessantes de divulgados durante o evento, e será lançado em 2021 para todas as plataformas.

Ark II — Acredito que todos foram surpreendidos com o anúncio da sequência de ARK, mas o que menos esperávamos era a participação de Vin Diesel no projeto — cujo personagemé natural de São Paulo. O trailer de divulgação foi um tanto confuso, mas deu pra ver que o estúdio continuará com seu foco na temática pré-histórica mesclada com aspectos futuristas.

It Takes Two — O marcante e polêmico Josef Fares também fez sua aparição no evento, divulgando o mais novo projeto do seu estúdio, It Takes Two. O jogo continua na mesma pegada dos títulos antigos da Hazelight Studios, como A Way Out e Brothers: A Tale of Two Sons, prezando pelo trabalho em equipe e, neste caso, muito carisma.

O jogo contará a história de um casal, recém divorciado, que foi magicamente transformado em pequenos bonecos. Para reaverem sua forma humana, os dois terão que cooperar em uma série de desafios que colocaram em xeque seus sentimentos e seu antigo relacionamento. O título chega em março de 2021, para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC.

Monster Hunter Rise — A Capcom também teve seu pequeno momento de destaque, apresentando um trailer do seu novo projeto, Monster Hunter Rise, que chega, como exclusivo do Nintendo Switch, em março de 2021.

Mass Effect — O evento fechou com um teaser de anúncio do novo jogo da franquia Mass Effect. Pouquíssimos detalhes foram mostrados, mas pelas imagens podemos assumir que esta nova obra terá relações diretas com a trilogia do Comandante Shepard, já que vemos uma alienígena Asari encontrando um capacete da N7. Fora isso, o jogo não tem data de lançamento, muito menos um título, o que pra mim, só reforça a falta de preparo que a Bioware vem tendo com seus jogos.

E, infelizmente, para a tristeza de muitos fãs da From Software, especialmente daqueles que foram enganados por diversos boatos confirmando a presença da empresa no evento, nada foi dito sobre seu novo projeto, Elden Ring, nenhuma imagem, gameplay, teaser, absolutamente nada. Todos os fãs já estão começando a pensar que o anúncio do game não passou de um delírio coletivo; mas de qualquer forma, a TGA o listou como o jogo mais aguardado dos próximos anos, então vamos esperar pelos próximos eventos que acontecerão em 2021.

Reforço mais uma vez que este artigo é apenas um recorte, portanto, todos os trailers de jogos e expansões anunciadas você confere clicando aqui.​​​​​​​





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